A semana da arte moderna foi uma manifestação cultural e artística que ocorreu em fevereiro 1922, no Teatro Municipal de São Paulo
A Semana da Arte Moderna de 1922 teve seu marco com o fim da primeira guerra mundial. O país passava por diversas modificações sociais, políticas e econômicas, e surgiu a Semana da Arte Moderna com a intenção de acalmar os ‘ânimos’ que conturbaram o país na época.
Mas antes de tudo… o que é arte moderna?
A arte moderna é um conjunto de expressões artísticas. Surgiu na Europa no final do século XIX e foi estabelecida até meados do século XX.
Esse movimento abrange a arquitetura, escultura, literatura e pintura como áreas das principais atividades dos artistas da época.
A arte moderna foi subdividida em duas fases: antes, e depois da guerra. A primeira fase foi marcada com pequenos avanços tecnológicos sendo incluídos na arte, tendo as diferentes cores e materiais como forma principal de utilização na produção dos objetos.
Já na segunda fase, a arte moderna perde o seu prestígio. O seu declínio começa a surgir com o pós-guerra, porque o país encontrava-se conturbado, com dívidas, matanças, e grande alvoroço governamental. O que dificultou ainda mais o trabalho dos artistas.
De forma geral, podemos caracterizar a Arte Moderna com essas características: humor, figuras deformadas e cenas sem lógica, liberdade de expressão, informalidade e urbanismo.
Duração da Semana da Arte Moderna de 1922
Com a duração de três dias, a inauguração contou com a palestra do escritor brasileiro, Graça Aranha; “A emoção estética da Arte Moderna”. E seguiu-se com musicais e exposições.
No segundo dia, além da palestra do jornalista, poeta e artista plástico, Menotti del Picchia, lendo a poesia “Os Sapos” – de Manuel Bandeira. Porém, por motivos de saúde, o poeta brasileiro Ronald de Carvalho fez a leitura, pois Menotti estava com crise de tuberculose.
No terceiro dia, a exposição encontrava-se mais vazia. E contou com apresentações musicais que misturam instrumentos e batidas, apresentadas pelo carioca Villa Lobos.
O evento contou com diversas apresentações de música, dança, poesias, palestras, e inúmeras obras de pintura e escultura.
Organizadores da Semana da Arte Moderna
Os artistas que participaram eram descendentes das famílias cafeeiras de São Paulo, filhos, primos, parentes e amigos dos “Barões do Café”; grupo de exportadores que alavancaram a economia brasileira, usando a cultivação do café como principal ramo de atividade.
Alguns dos participantes eram ricos o suficiente para estudar na Europa. E por isso trouxeram influências modernistas Européias, que mais tarde foi comentada por Di Cavalcanti, como:
“Seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulista.”
O objetivo dessa manifestação foi renovar o social e o artístico no país que ficou conhecido como “Semana de 22”. Além disso, os artistas que participaram da semana da arte moderna de 1922 visavam inovar a percepção da arte que se inspirava no avanço da europa.
Alguns comentaristas disseram que aquele evento trouxe grande impacto na sociedade, porque era a arte originalmente conhecida, porém de um jeito “mais brasileiro”. E isso acabou com alguns tradicionalistas da época.
Anos mais tarde essa semana foi marcada como uma revolução artística, inaugurando assim o Movimento Modernista no Brasil.
Uma das figuras mais importantes da época foi Mário de Andrade, ele foi o organizador juntamente com Oswald de Andrade e Di Cavalcanti.
O que mudou com a semana da arte moderna de 1922?
Além da ruptura do tradicionalismo, muitos criticaram o modelo parnasiano que surgiu alguns anos antes. Os artistas parnasianos criticavam a simplicidade das palavras e da paisagem, e a semana da arte relembrava esses valores sentimentais que os artistas desprezavam.
Uma característica marcante também foi a liberdade de expressão e a ausência de formalismo. Na exposição, os artistas buscavam o “típico comum” de um evento, porque não existia aquela preocupação com vestimentas, vocabulário e nem mesmo a expressão pessoal transpassada em um quadro ou escultura.
Outro atributo importante da semana de 22 foi as influências das revoluções europeias: futurismo, cubismo, dadaísmo, surrealismo, e o expressionismo.
A aproximação da linguagem oral, coloquial e vulgar também foi grande aspecto que Mário de Andrade organizou no evento, pois o público teve fácil acesso à questões informais com temáticas nacionais e cotidianas, ou seja: de fácil compreensão.
Principais Artistas da Semana da Arte Moderna de 1922
Mário de Andrade (1893-1945)
Oswald de Andrade (1890-1954)
Graça Aranha (1868-1931)
Victor Brecheret (1894-1955)
Plínio Salgado (1895-1975)
Anita Malfatti (1889-1964)
Menotti Del Picchia (1892-1988)
Ronald de Carvalho (1893-1935)
Guilherme de Almeida (1890-1969)
Sérgio Milliet (1898-1966)
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Tácito de Almeida (1889-1940)
Di Cavalcanti (1897- 1976)
Guiomar Novaes (1894-1979)
Crítica da Semana da Arte Moderna de 1922
Apesar do grande marco que esse evento possui hoje na sociedade cultural e artística, na época os artistas e organizadores tiveram diversas críticas negativas. Alguns diziam não conseguir compreender a proposta.
Além disso, criticavam dizendo que os artistas eram doentes mentais e loucos.
Apesar da falta de preparação que os organizadores fizeram referente ao telespectador que iria assistir ao evento, os artistas estavam convictos de que aquela semana eram importantíssima para uma arte “mais brasileira”, e segundo eles, a semana valorizava o que o artistas brasileiros tem de melhor: a originalidade.
Após o barulho que a Semana da Arte Moderna causou, alguns manifestos surgiram em pequenos grupos e em revistas que logo se popularizaram em todo país. Só então a semana foi entendida como revolução da cultura brasileira.
Revistas da Época
Revista Klaxon (1922)
Revista Estética (1924)
Movimento Pau-Brasil (1924)
Movimento Verde-Amarelo (1924)
A Revista (1925)
Manifesto Regionalista (1926)
Terra Roxa (1927)
Outras Terras (1927)
Revista de Antropofagia (1928)
Movimento Antropofágico (1928)
Principais Obras da Arte Moderna
Cena de rua em Berlim (1913-15), de Ernst Kirchner
Características do Expressionismo – deformação da imagem, cores vibrantes, sem traços marcados, técnica de pintura feita de acordo com a sensibilidade do artista, prefere expressar sensações que sejam: patéticas, trágicas, e sombrias.
A dança (1909), de Henri Matisse
Características do Fauvismo– Simplificação das formas, não possui um compromisso com o real, influenciada diretamente pela arte expressionista.
À esquerda, Viaduto de Estaque (1928), de Georges Braque; à direita Les Demoiselles d’Avignon, de Pablo Picasso
Com características do Cubismo – representação da realidade por meio de figuras geométricas, fragmentos que distorcem a realidade, assemelha-se a ideia da arte como imitação da natureza.
Batalha (1910), de Kandinsky
Com características do Abstracionismo – jogo de formas orgânicas, cores vibrantes com linhas de contorno, transformação de manchas de cores e linhas em símbolos, influência direta do futurismo.
Carga dos Lanceiros (1915), de Umberto Boccioni
Com características do Futurismo -traços vibrantes, cores fortes, ilusão de movimento, representação de uma situação ou objeto em movimento.
Persistência da Memória (1931), de Salvador Dalí
Com características do Surrealismo e do Dadaísmo – imagens figurativas, abstratas, cores opacas ou vibrantes, formas espontâneas, técnicas para criar ilusões de ótica, produção livre para criar um fluxo de ideias do subconsciente.
Móbile Pavão (1941), do americano Alexander Calder
Com características do Concretismo – o objetivo é criar um trabalho experimental com o espaço, valoriza o conteúdo visual e sonoro, banimento da estrutura formal, tem a liberdade de usar quaisquer objetos que sejam necessários para a sua interpretação: além de tinta, pode-se utilizar metais, água, vento, ouro, etc.
[popup_anything id="11217"]