Com a participação de 20 artistas selecionados em chamamento público, Grupo Meio discute relação com a cidade e temas que surgem a partir disso em série de vídeos que estarão disponíveis online

Estudar a relação entre o corpo e a cidade e como ele se insere na paisagem sem estabelecer uma relação hegemônica, buscando uma dança que não é feita para se destacar do espaço público, mas talvez brote dele e o questione. Essa tem sido a linha pesquisa do grupo MEIO desenvolveu o projeto “Corpos-paisagens: corpos que atravessam os fluxos da cidade”, com diversas ações performativas, formativas e de investigação em dança. Nesse próximo sábado, dia 7 de agosto, às 12 horas o grupo estreia a série de vídeo 180, que irá lançar também o site onde esse e outros projetos de pesquisa estarão disponíveis para serem acessados.

 

Em 180, os artistas partem de diferentes pontos da cidade e da ideia do que se pode ser revelado da sua casa e do entorno, como um olhar sobre/do espaço público. Quando falam em território, o grupo abre para que ele seja explorado como um território sonoro, visual, virtual, de evocação de memórias, embates políticos, identitários, raciais, de gênero, cosmovisões, especulação imobiliária, etc.

“A cidade onde estamos, São Paulo, tal qual todo o mundo, continua vivendo um momento atravessado pela pandemia da Covid-19. Essa é a cidade que estamos usando como objeto e vemos que ela está em um momento muito agudo, pois sua própria identidade enquanto uma das cidades mais populosas do mundo e conhecida pelo seu fluxo financeiro, de mercadorias e pessoas, teve seu modo de existir abalado. Sendo assim, o que seria uma intervenção urbana nessa São Paulo de hoje? Também buscamos nesse trabalho refletir sobre a importância de estar em um projeto financiado por dinheiro municipal e sabendo da crise econômica que acometeu a todes que vivem de eventos culturais, primeiras ações a serem canceladas pelo caráter perigoso, agora não só pelo cunho político e social que as manifestações culturais promovem, mas pelo simples fato de gerar aglomerações. Sendo assim, em 180, a gente não só remodela a ideia de intervenção como também busca financiar artistas de várias regiões para que pudessem estar com o grupo e contar com apoio financeiro explica Carolina Canteli.

O processo de participação de outros artistas se deu por meio de um chamamento aberto pelo Grupo MEIO. Nele foram escolhidos 20 artistas não só de diferentes regiões de São Paulo, como também de regiões do Brasil. Esses artistas criaram a partir do que foi orientado pelo Meio e Nina Giovelli, compartilhando suas presenças e experiências em suas localidades durante duas semanas de residência e co-criação. Os artistas que fazem parte da performance se colocaram de agasalhos coloridos e utilizando máscaras de grama artificial, em lugares movimentados, com grande passagem de pedestres. Essas captações geraram os vídeos que compõe 180.

 

Para serviço

180 – Série de vídeos online, que estreia no dia 7 de agosto, às 12 horas. https://www.grupo-meio.com/

Grupo MEIO

Direção artística: Carolina Canteli, Everton Ferreira e Iolanda Sinatra

Direção audiovisual: Lucas Reitano

Orientação da performance audiovisual: Carolina Canteli, Everton Ferreira, Iolanda Sinatra, Lucas Reitano, Maria Basulto e Nina Giovelli

Produção: Tetembua Dandara

Design Gráfico: João Brito

Compartilham presenças: Augusto Borges, Cássia Nunes, David Nery, Fabricio Enzo, Fe Menino, Felipe Santana, Florydo Fogo, Gabriel Villas, Karina Zichelle, Larissa Cavalcante da Silva, Manuel Victor dos Santos Pereira, Marlon de Paula, OEFEHÁ, Paulo Carpino, Quebrantxy, Felipe Teixeira, Stéphane Marçal Sabino, TaySonPio, Theuse Luz de Pavuna e Xan Marçall.

Sobre 180

‘180’ é uma intervenção de dança em que es performers vestides/as/os de agasalhos coloridos e utilizando máscaras de grama artificial, se colocam em um local de grande fluxo de pedestres da cidade. Essas criaturas não identificáveis geram um ponto de destaque visual em meio ao cenário urbano já tão diverso e controverso, e reforçam um contraponto em relação a mobilidade dos centros urbanos, uma vez que o fazer/estar destes não está implicado nas ações de correr, falar, vender, comprar, passar por, mas sim permanecer num único ponto realizando um giro de 180º em torno de si próprio em um período de 30 minutos.

 

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