Amor pela sabedoria que contempla o grafite na arte urbana, como consequência da expressão dos artistas de rua

arte urbana

Há uns dias, busco significados do que parece ser tão simples de interpretar: arte urbana. Esse não é um daqueles textos que dizem sobre significâncias e afins. Adianto, as artes aqui, são aquelas pouco refinadas, desencantadas por grã-finos, que não estão sob uma luz elegante de uma galeria, mas resistem às chuvas e estão à mercê de todos os olhares que passam por elas.

E são nessas passadas, que a arte cria seu significado. A arte urbana por muito tempo teve em cena, somente seu significado negativo, era uma sujeira nos muros da cidade, um grupo de meninos dançando no vagão, o barulho da MPB nas rodas do centro, e até o teatro gratuito na escola.

 

Mas esse conceito mudou…

Vejamos o esforço empenhado na arte urbana de quem acredita nessa expressão coletiva, como o ‘Nunca’ , grafiteiro desde 1998 que materializa suas pinturas no formato de poemas, gritando os valores dos índios, e expondo verdades sobre o Brasil colônia.

O reconhecimento como artista

Mais tarde ouvi dizer do muralista Eduardo Kobra, que na estética isso se explica como uma “demagogia”. Essa forma desencantada de colorir uma parede, em nome de nada e nem de ninguém, não deveria ter esse tipo de apreço final, muito menos de agradar qualquer interesse. E foi partindo disso que o artista começou a pintar em pequenos muros, e hoje após anos de uma jornada dura para ter reconhecimento como artista, ele é convidado por galerias a nível internacional.

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Certa vez em 2011 na Espanha, o Kobra fez um projeto GreenPincel, que denunciava as atrocidades humanas com relação aos animais. Os toureiros foram meramente expostos nos muros da cidade, o que causou grande revolta da população pelo artista. Anos mais tarde, ele confessou que a motivação deste trabalho na arte urbana veio por motivos interiores mesmo, e que ele sempre iria lutar por causas sustentáveis e ambientais, portanto os seus desenhos desde então, são produzidos pelas causas em que ele acredita que vale a pena lutar.

Vejamos a incansável jornada do grafiteiro Crânio, com seu manifesto contra o comunismo e seus índios azuis. O artista hoje é conhecido por sua arte de filosofar, por seu talento e manifestos estadistas em paredes da cidade de São Paulo. O Crânio sofre como Platão, que na sua tentativa de prolongar o significado do que se vê, citou que a imagem é a mobilidade da eternidade, e que essa criação do concreto nada mais é do que dar voz ao sentimento interior.

Arte urbana, arma da comunidade mexicana

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Alguns grafiteiros da comunidade de Las Palmitas, no México, se uniram aos moradores e pintaram mais de 200 casas. Meses mais tarde, a própria mídia mexicana alega que a violência diminuiu.

O armamento de uma comunidade que não suportava mais, o desespero de famílias que não revidam com a mesma proporção agressiva. A arma que silenciou, mas não feriu ninguém, a união de quem em nenhuma vez havia misturado rosa com amarelo, vermelho com verde, mas que acendeu a maior voz possível, a de resistência.

A tinta, o grafite, a pichação, o lambe-lambe, todos como manifestação, no combate aos preconceitos, mitos e falácias que guiam o norte do pensamento daqueles que escutam o que têm dentro de si. E é nesse escutar, e no dar ouvido ao que se acredita é que nascem cada dia mais artistas, artistas de rua.

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