Produções de filmes com representação asiática crescem cada vez mais na indústria do cinema

Nesta matéria vamos falar sobre algumas produções que apresentem representatividade asiática na indústria do cinema. A matéria foi escrita por Clarissa Brait.

Desde sempre homens brancos conquistaram diferentes povos e ganharam uma grande participação no poder social. Esse fator pode ser visto na indústria do cinema, em que a maioria dos protagonistas são interpretados por atores norte-americanos brancos, assim como o resto do elenco.

Porém, nos últimos tempos, vemos mudanças significativas nesse meio de produção. Onde, cada vez mais, diretores e produtores de filmes oferecem ao público um número maior de representatividade de outras culturas, além do homem branco cis heterossexual norte-americano. Atualmente, muitas tramas trazem em seu elenco protagonistas asiáticos e diversidade étnica. Ou, até mesmo, escolhem como cenário lugares como a China e a Coréia do Norte, além de seus rituais.

Como é o caso do filme Karatê Kid – A Hora da Verdade (2010), onde o jovem protagonista de 12 anos, Dre Parker, muda-se para a China por conta do trabalho de sua mãe. Dois norte-americanos e negros, a trama mostra como foi o processo de adaptação para a sua nova rotina na China. Mostrando as dificuldades, como os preconceitos que o protagonista sofre pelos seus colegas e seus estudos, desde o uso de uniformes a eventos culturais.

Karatê Kid (2010)

Podemos ver grandes nomes de atores asiáticos cada vez mais presentes em longas, e a maioria sendo escolhidos para fazer o papel do personagem principal. É o caso de Landa Condor, que interpretou Lara Jean na trilogia Para Todos os Garotos que Já Amei, que muito da cultura de seu país para dentro da narrativa. Outros grandes nomes conhecidos são as atrizes Sandra Oh, que interpretou a famosa Cristina, uma cirurgiã residente em Grey’s Anatomy; Awkwafina, cujo último trabalho foi o filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis da Marvel.

Porém, apesar desse crescimento asiático no setor, há muitos espectadores que não reconhecem essa situação. Foi realizada uma pesquisa pela autora da matéria, Clarissa Brait, identificando que cerca de 86,7% dos entrevistados dizem que a minoria dos filmes que assiste possui pelo menos um personagem asiático.

Algumas dessas fontes comentam que não costumam reparar a presença da asiática nos filmes, porém afirma ser muito importante para o combate à xenofobia. Outros dizem que não faz diferença se há um personagem asiático ou não, desde que o filme seja bom.

Representatividade asiática nos filmes da Disney

É muito comum a Disney e a Pixar produzirem animações cujas histórias passam em diversos países, como França, Itália, China e Japão. O filme Operação Big Hero, mostra a cidade de Tóquio, no Japão, através dos olhares de uma animação. E a princesa Mulan, animação de 1998, conta sobre uma lenda chinesa, denominada A Balada de Mulan, cuja princesa se passa por um homem para se colocar no papel do pai doente no exército chinês.

Em março de 2020, foi lançado o live-action baseado na animação Mulan. O filme conta com um elenco todo asiático, a fim de trazer uma visão um tanto quanto extravagante da China.

A partir de uma readaptação da lenda chinesa, a trama foi muito criticada por conta de suas mudanças em relação a animação da Disney. Uma delas sobre o dragão Mushu que não apareceu na narrativa do live-action. Segundo o produtor do longa, Jason Reed, na cultura chinesa, o dragão representa força, poder e respeito. Não caindo bem utilizar o personagem como ele é na animação, mais extrovertido e alegre.

Filme Mulan Live-Action (2020)

Representatividade asiática no universo da Marvel

Nos últimos tempos, a Marvel vem apostando em aderir às representatividades de outras culturas. Em 2018, a produção lançou o filme Pantera Negra, trazendo uma grande parte de atores africanos e negros. Na série Loki, disponível no Disney+, foi confirmado o fato de que o protagonista é bissexual.

Nesse ano, no início de setembro, foi lançado o primeiro filme do Universo da Marvel cujo protagonista e a maioria de seu elenco são chineses. O longa Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis traz uma visão da mitologia chinesa, através de uma reflexão de identidade do protagonista chinês que vive nos Estados Unidos. Enquanto suas lutas coreografadas contam com referências de filmes como Kung Fu, e lendas como Bruce Lee, Jet Li e Jackie Chan.

Filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021)

A representatividade asiática na Coréia do Sul

Como é o caso de Parasita (2019), dirigido por Bong Joon-ho, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2020. A narrativa se passa na Coréia do Sul, e conta a história sobre uma família pobre que vive no porão de um prédio, que para sobreviverem precisam ter uma relação com uma família rica, para quem trabalham.

A trama faz uma relação da família pobre com um parasita, já que eles vão se infiltrando no meio dos ricos aos poucos. Até que em uma noite, eles ficam com a casa das pessoas ricas só para eles, fazendo a festa. A situação mais marcante ocorre quando descobrem um morador oculto da casa, pobre também vivendo na casa como um parasita.

É possível observar, além da representatividade asiática, uma luta de classes durante a narrativa, em que os dois grupos são capazes de realizar diversas ações de má fé. Porém, para um grupo essas ações são importantes para poderem sobreviver e o outro para poder viver dentro de sua própria redoma social.

Filme Parasita (2019)

A cultura é o primeiro indicador de dominação de uma cultura sobre a outra. Fica o questionamento: a China vai dominar o mundo?