A arte africana se iniciou através da tradição oral na pré-história e hoje transborda movimentos pelos quatro cantos do mundo

ARTE AFRICANA: CULTURA AFRO-BRASILEIRAAfricanart

História do movimento

A arte africana surgiu na pré-história, em cerca de 1.500 a.C., época em que ainda não havia nem a escrita. As expressões artísticas se concentraram no continente africano, ou seja, se concebeu dentro de uma pureza de referências e poucas inserções de outras culturas.

Apesar da arte africana envolver inicialmente questões espirituais, celebrando rituais e funerais, o movimento desenvolve uma figura humana muito central. Toda a sua história é baseada na construção comunitária, com valores étnicos, morais e religiosos. 

Arte Africana

Além da expressão conter valores sociais, sua composição é um dos pontos mais fortes, pois envolve matéria prima muito elementar, como as máscaras de barro pintadas com tinta extraída das flores e plantas silvestres, disponíveis em suas tribos e vilas.

Arte africana e o preconceito

As expressões em que a arte africana marcam presença são muitas, como a dança, performance, pintura e escultura em todo o mundo, ainda há muito preconceito com obras e artistas, resultado de um racismo estrutural que lidamos ainda na sociedade, causando episódios de preconceito e intolerância religiosa. Uma herança da escravidão.

As primeiros obras de arte africana encontradas no Brasil datam da época em que chegaram os navios negreiros ao país. Para as vítimas deste período, a arte foi uma forma de refúgio e homenagem aos que morriam durante o percurso.

Arte africana

Com a perseguição da Igreja Católica e das religiões neopentecostais, as obras consideradas africanas sofreram com esse pensamento, trazendo momentos de agonia aos historiadores da arte, destruindo acervos culturais, além do constrangimento com discursos de ódio e violência.

Características da arte africana

O movimento artístico representa os usos e costumes das tribos africanas, com objetos que expressam sensibilidade.

As pinturas e esculturas contam com a presença da figura humana, que identifica os valores das tribos. Porém, elencar apenas um ponto como definição não engloba todas as possibilidades de uma história tão rica. Não é possível generalizar a arte africana.

A produção da arte africana é caracterizada por:

  • Matéria prima: ouro, bronze e marfim 
  • Olhos e boca perfurados, cabeça em formato cilíndrico, esférico ou cônico
  • Posicionamento das artes: normalmente frontal e simétrico, exibindo cabeças maiores do que o resto dos corpos
  • Objetos: feitos como instrumentos espirituais e coletivos
  • Decoração das paredes: palácios reais, celeiros, das choupas sagradas
  • Formas geométricas, reprodução de cenas de caça e guerra
  • Predominância de tons terrosos: forte referência às cores das máscaras africana
  • Padrões aplicados: cerâmicas e outros objetos, ou na pintura corporal
  • Manifestação: artisticamente através da aplicação de tintas naturais em seus corpos
  • Conexão com as forças superiores em rituais, 
  • Demonstração: posições hierárquicas nas tribos.
  • Combinação: ornamentos de cabeça feitos com elementos vegetais.

 

As danças africanas fazem parte de uma parcela da expressão cultural das sociedades africanas presentes em eventos cerimoniais de seus povos.

O corpo constitui um elo entre o mundo terreno e divino, e a movimentação faz uma homenagem aos espíritos ao som de tambores e outros instrumentos de percussão.

 

Danças Africanas e suas diásporas no Brasil - Luciane Ramos

Danças Africanas e suas diásporas no Brasil – Luciane Ramos

 

Importância da arte africana no Brasil 

Os majoritariamente negros os artistas e autores presente dentro da pesquisa sobre arte africana. Hoje em dia são homenageados, lembrados e respeitados por grande parte das culturas internacionais, mas nem sempre foi assim.

Após o período de escravidão, a partir do progresso e aceitação cultural, os conceitos africanos tornaram-se parte da identidade brasileira.

A arte e cultura de diversas sociedades africanas misturaram-se às demais culturas, criando novos movimentos miscigenados como a capoeira; estilos musicais e de dança como o samba, maracatu, ijexá, carimbó, maxixe, entre muitos outros. 

Principais artistas e obras da arte africana

Richard Atugonza 

Richard Atugonza

“Minha arte é um espelho que reflete as emoções das pessoas e como elas se comportam na comunidade.”

 

Richard Atugonza, nascido em 1994 em Fort Portal na Uganda. Atugonza é um um escultor de retratos que se formou na Escola de Artes Industriais e Belas Artes Margaret Trowell.

Já trabalhou como aprendiz de fundição por cera perdida e como oficial técnico em uma oficina de móveis e atualmente trabalha criação de retratos que retratam pessoas em sua vida e em materiais presentes em todos os lugares, como serragem, grama seca e carvão.

A sua produção artística consiste na captura proporção, movimento corporal e postura. Produzindo esculturas através de garrafas de plástico descartadas, areia de lago, resíduos de carvão e outros materiais residuais.

O objetivo do seu trabalho artístico é inspirar as pessoas a abraçarem seus “defeitos”, pois isso os diferencia dos outros.

“minha inspiração principal vem das pessoas ao meu redor, incluindo família e amigos”. 

Ao criar esculturas, Atugonza é movido por sentimentos e emoções como uma linguagem comum, permitindo assim que seu trabalho ressoe com o público. 

 

 

Germaine Acogny 

Germaine Acogny 

 

Germaine Acogny  é uma dançarina e coreógrafa que nasceu em Porto Novo, na atual República do Benin. 

Ela foi levada ainda criança para o Senegal, onde o pai se estabeleceu para receber curso de formação e se tornar administrador colonial. 

Acogny estudou em escola de freiras cluniacenses, aos dezoito anos, foi estudar educação física esportiva e ginástica harmônica na Escola Simon Siegel, na França, onde estudou dança clássica e moderna.

Acogny chamou a atenção do Presidente Léopold Senghor depois que ela coreografou seu poema “Femme noire, femme nu” (Mulher negra, mulher nua) transpondo a poética da Negritude para a dança.

Em 1972 ela se tornou chefe de departamento do Instituto Nacional de Artes de Dakar, onde introduziu um programa de formação de dança negro-africana.

Esta atuação institucional teve início quando ela recebeu apoio do governo de Senghor para ir a Bruxelas, na Bélgica, onde conheceu e passou a trabalhar com o coreógrafo Maurice Béjart.

Como diretora artística do Mudra Afrique ela desafiou o conceito ocidental de uma oposição entre tradição e inovação sobre o qual o Ballet Nacional do Senegal tinha sido baseado, tratando a tradição da dança africana como em perpétua auto-renovação unindo seus conhecimentos da dança ocidental a uma estrutura africana de sentimentos, pautada no uso inovador da tradição e começou a forjar uma estética pan-africana, um produto híbrido do encontro entre a dança contemporânea europeia e as formas africanas.

Por sua trajetória, contribuição e inovação artística, foi premiada com o grau de Cavaleiro da Ordem de Mérito e com o grau de Oficial de Artes e Letras da República Francesa.

 

Compagnie Jant-Bi, Sénégal

Compagnie Jant-Bi, Sénégal

 

Nú Barreto

Nú Barreto

 

Manuel Jerónimo Barreto da Costa Oliveira conhecido como Nú Barreto é um artista plástico mais conceituado a nível internacional. Nasceu em 1966 em São Domingos, norte da Guiné-Bissau, país da Costa ocidental africana.

Aos 21 anos parte para Paris, onde ainda reside e trabalha. Considerado uma das principais figuras da senda africana contemporânea suas obras constam de diversas coleções privadas e museus e já foi exibida em diversas exposições, individuais ou coletivas, mundo afora.

O artista apresenta sua arte de forma híbrida, combinando os mais diversos materiais e técnicas das diversas linguagens incorpora em sua estética a formas, símbolos e arquétipos das cores e motivos.

“Distingo-me como sendo um artista plástico crítico da sociedade. O meu trabalho envolve problemáticas sociais e o comportamento dos “Seres” ditos “Humanos”.

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